É de responsabilidade daqueles que se lancem em qualquer atividade na natureza saber como se comportar e preservar o ambiente por onde passam. Propagar tal conhecimento e cobrar tal conduta é uma responsabilidade de todos para podermos desfrutar da natureza limpa e preservada para todo o sempre. 

Para orientar e conscientizar, trazemos post especial sobre os princípios e práticas de vivência em ambientes naturais chamado Leave no Trace (trad. Não Deixe Rastros) que traz 7 princípios básicos sobre as práticas de mínimo impacto na natureza, sobre o qual falaremos na sequência: 

Cachoeira do Tabuleiro em Minas Gerais
Cachoeira do Tabuleiro com seus 273 metros de queda livre, Minas Gerais. O cerrado é um ambiente tanto sensível como deslumbrante, sendo extremamente vulnerável ao desmatamento e queimadas dado ao clima seco que predomina. Foto: Local Planet.

1. Planeje e se prepare com antecedência

Estar bem preparado para as aventuras que se propõe a fazer lhe proporciona uma experiência muito mais agradável e segura. Afinal, diante de situações inesperadas e difíceis, normalmente se entra no modo de sobrevivência e a preservação do ambiente a sua volta pode ser a última de suas prioridades.

Portanto, obtenha informação sobre os locais onde pretende passar e acampar, eventuais restrições, levante as condições climáticas, verifique se possui as condições técnicas, físicas e logísticas (equipamentos) para a aventura/camping almejado.

Já presenciei grupos acampando na montanha que, por conta da chuva e ventos leves, tiveram que abandonar a maior parte de suas coisas para bater retirada às pressas. Restos de barracas, lonas, comidas e lixos espalhados por todo lado em meio a montanha por conta de um mau planejamento.

2. Acampe e faça trilhas em superfícies preestabelecidas

Concentrar suas caminhadas em trilhas já preestabelecidas e bem batidas é fundamental para o mínimo impacto no meio ambiente e também para que não se perca.

Da mesma forma, evite acampar sobre vegetações, busque superfícies mais limpas e que indiquem que vem sendo utilizada para campings, caso houver, sempre use as áreas de campings já instaladas.

Evite aglomerações, de espaço para que haja natureza e privacidade a sua volta, da mesma forma, evite acampar próximo as trilhas. Imagine se cada aventureiro buscasse abrir seus próprios caminhos e atalhos em trilhas, assim como, abrir suas próprias áreas de campings? Teríamos um cenário bem deprimente da natureza por onde passamos.

3. Cuide do seu lixo

Primeiramente, evite ao máximo levar coisas que possam gerar muito lixo e trate de levar de volta todo seu lixo, levando sempre  sacos para que possa armazená-lo.

Não espere serviço de coleta de lixo em ambientes remotos, pois eles não existem. Exceções podem ser abertas para lixos orgânicos e dejetos humanos em casos onde não haja nenhuma infra estrutura para tanto.

Trate de os enterrá-los em locais afastados dos locais de camping, trilhas, de córregos, rios e sempre as enterre os cobrindo integralmente, dando preferência para locais com maior matéria orgânica no solo, pois ajuda na decomposição. Use apenas papel higiênico branco e sem perfumes. 

4. Deixe como encontrou

Não leve plantas, objetos  arqueológicos, artefatos ou outros objetos naturais de onde passou. Isso parece insignificante quando feito por um único passante, contudo, se levarmos em conta locais com grande frequência de pessoas pode ter um impacto grande.

Deixe que as demais pessoas também possam apreciar o local como o encontrou. Minimize seu impacto nestes ambientes, cavando, derrubando vegetação, construindo estruturas rudimentares, etc. 

5. Muito  cuidado  com fogueiras

No Brasil temos uma alta incidência de incêndios, assim, uma fogueira pode ter um impacto desastroso e provocar uma imensa tragédia ambiental, por tais razões na maior parte das áreas de preservação fogueiras não são sequer permitidas e deve respeitar tais restrições.

Além disso, a fogueira resulta em grandes danos ao local onde é feita. Portanto, primeiro verifique se não existem restrições para fogueiras no local onde está.

Caso não, minimize o impacto da fogueira a limitando com pedras a sua volta e evitando que o fogo se espalhe, e, por fim a apague bem ao final de seu uso. Desfaça todo o impacto causado, retirando a contenção e cobrindo as cinzas com terra seca, como se nada tivesse acontecido ali. 

6. Respeite a vida selvagem

Aprenda sobre a vida selvagem a distância com uma observação silenciosa e atenta, esse respeito irá lhe proporcionar  muito mais experiências como essa pois não irá espantar os animais.

Evite andar em grupos grandes com mais de 6 pessoas, pois além de causar mais impacto espanta toda a vida selvagem à sua volta. Caso esteja em grupos grandes, divida-os em pequenos grupos.

Causar muito barulho, som alto, gritaria também espanta e afeta a vida selvagem. Não alimente os animais! Além de causar grande distúrbio em sua dieta, os incentiva a atacar suas coisas em busca de comida.  

7. Tenha consideração e respeito  aos demais visitantes

A maioria das pessoas  vão  para a natureza para desfrutar de sua beleza, sons e o senso de solitude. Não atrapalhe essa experiência única que só pode obtida nestes ambientes.

Causar barulhos, alvoroço, tumultos, sujeira, são coisas que podem viver na cidade com muito mais conforto. Mantenha a paz dos ambientes naturais. Caso queira escutar um sonzinho, escute baixo, pergunte aos seus vizinhos se lhes incomoda, seja cortês.

Mantenha suas coisas dentro do seu quadrado. Em trilhas uma regra básica se aplica mundialmente, quem está subindo tem a preferência, claro, pode levar essa cortesia  ainda mais longe e dar preferência para famílias com crianças, pessoas muito carregadas, enfim, seja gentil. 

Esses são princípios simples que possibilitam um desfrute muito maior para sua experiência no ambiente natural. 

Be happy!

E você? Já conhecia o código de conduta Leave no Trace? Compartilhe suas experiências na natureza com a gente aqui nos comentários!

Autor

Nascido em Vitória no Espírito Santo e criado em Foz do Iguaçu no Paraná. Gabriel atua como advogado há 7 anos na região da tríplica fronteira de Foz, na esfera acadêmica concluíu mestrado na Universidade de Berkeley na Califórnia. Após 12 anos de experiência em escaladas em rocha e alpina, resolveu levar a aventura mais adiante por meio de um projeto que conciliasse sua carreira e paixão por explorar o mundo.